Durante a gravidez, uma dúvida é muito recorrente entre as gestantes: “Será que eu terei leite suficiente para amamentar?”. E em função desta pergunta, muitas mulheres buscam informações e estratégias que possam garantir a boa produção de leite no período pós-parto.
É importante destacar que nos primeiros dias do puerpério a produção de leite não é grande (e isso é esperado!). A mama secreta pequenas quantidades de colostro para o recém-nascido, que aos poucos vai assimilando a nova forma de se alimentar no ambiente extra-uterino e gradualmente vai aumentando o volume mamado. Geralmente, a mulher sente a descida do leite (apojadura) dois ou três dias após o parto, enquanto para outras esse período pode durar até uma semana; estudos mostram que a via de nascimento pode interferir na apojadura do leite, ou seja, mães que tiveram parto normal ou cesárea intraparto têm uma apojadura mais rápida do que as mulheres que passaram por cesárea eletiva.
Estudos científicos estão começando a evidenciar a eficácia das terapias alternativas para a produção e ejeção do leite, como: acupuntura, técnicas de relaxamento por visualizações e massagens (Oketani). E alguns alimentos também são popularmente conhecidos por aumentar a produção de leite materno (alimentos galactagogos). Porém, as evidências científicas ainda não comprovam esta relação. Mas por serem saudáveis e associados a uma alimentação equilibrada podem ser incluídos na rotina alimentar. São eles: arroz integral, aveia, milho, nozes, beterraba, cenoura, espinafre, amendoins (atenção a este devido ao seu potencial alergênico), coco, figo, entre outros.
Uma fundamentação teórica para justificar a eficácia dos alimentos galactagogos é devido "o alto teor de glicose, proteínas, sais minerais, vitaminas e água contidos nesses alimentos. Por exemplo, a canjica, o fubá e o milho são alimentos ricos em amido, e, uma vez ingeridos, sofrem o processo de hidrólise, produzindo a glicose. Destaca-se que a glicose no plasma é essencial para a síntese do leite. Na falta de glicose, somente uma pequena quantidade de leite rico em gordura e proteínas é sintetizada, e a secreção da fase de leite aquosa é retomada apenas quando a glicose está disponível em quantidade adequada.” (Santos SAT, Dittz SE, Costa RP. Práticas favorecedoras do aleitamento materno ao recém- nascido prematuros. Rev Enferm Cent-Oeste Min. 2012;2(3):438-50).
Em cada região do mundo podemos encontrar algumas indicações de chás como estimulantes da lactação. O Fenegreek e Casco de Árvore são bem conhecidos na Índia; o Trobangun Leaves na Indonésia. A Erva-doce também é utilizada, mas ainda não se sabe se interfere na produção ou ejeção do leite. O chá de funcho e de hortelã também são conhecidos popularmente com esta função, devendo-se consumir entre 4 a 5 xícaras por dia para alcançar o efeito esperado.
Apesar de muitas observações e crenças populares, as evidências científicas apenas apontam para dois fatores que de fato se associam com o aumento da produção de leite:
Para garantir uma boa produção de leite é necessário que o bebê sugue adequadamente a mama. Para tanto é muito importante que você esteja em um ambiente tranqüilo, e que se encontre relaxada. Estas condições favorecem a liberação dos hormônios responsáveis pela produção e saída do leite materno, garantindo assim que seu bebê se alimente de forma plena e ganhe peso de maneira adequada. Como forma de garantir uma sucção eficiente e gerar adequado estímulo de produção de hormônios evite a oferta de bicos de plástico para o seu bebê (chupetas, mamadeiras e bicos intermediários de silicone estão associadas ao menor interesse pela mama e redução da força de sucção);
Uma excelente maneira de garantir uma boa produção de leite é estar com o consumo de água adequado. Uma ingestão hídrica baixa, reduz de maneira significativa o volume de leite produzido. Então inclua da sua alimentação diária cerca de 4 litros de líquidos (água, sucos, chás, etc) por dia. Essa ingesta líquida é uma recomendação das DRIs (Dietary Reference Intakes – recomendações de ingestão dietéticas) para lactantes, pois nem sempre as mães têm a sensibilidade ou atenção aos sinais de sede. Desta forma, estabelecer metas para a ingestão hídrica torna as mulheres mais atentas ao seu consumo necessário no período da amamentação. Devemos lembrar que, mesmo havendo ingesta hídrica adequada, se houver algum problema na pega ou sucção do bebê, dor ou outros fatores de stress, a produção não se ajustará.
Desta forma, a alimentação que garante uma adequada produção de leite deverá ser acompanhada por um profissional respaldado, preferencialmente composta de alimentos naturais e cereais integrais, e com uma adequada ingestão de líquidos. Essa é uma forma de cuidar da amamentação e manter a oferta de leite que deverá durar até os dois anos ou mais da criança.
Carla Magalhães
carla@amama.com.br