Você já parou para refletir o quanto as mulheres se preparam para os aspectos técnicos do parto (ou não), para a compra do enxoval, para a montagem do quarto do bebê, para a contratação de vários serviços (lembrancinha da maternidade, filmagem e fotografia)... E praticamente nada para o estado emocional na gestação e pós-parto? Não que estes aspectos não tenham sua relevância, porém, cada dia mais está sendo desmistificando a maternidade cor de rosa e as futuras mães começam a ter acesso à realidade que ocorre após o nascimento do bebê. E ainda assim, pouco é feito no intuito de promover uma saúde emocional para as grávidas e puérperas. E é sobre isso que o texto de hoje abordará, você conhece o pré-natal psicológico (PNP)?
É um conceito novo, mas já com alguns estudos comprovando sua eficácia na diminuição das taxas de depressão pós-parto. A ideia central é promover uma intervenção preventiva, já que a gestação e puerpério são períodos de muitas transformações onde a mulher pode ser acometida por três distúrbios emocionais: a melancolia da maternidade (baby blues), a depressão pós-parto (DPP) e a psicose puerperal. Há ainda outros transtornos ansiosos, que alguns autores incluem como propícios nesta fase da vida, como a ansiedade puerperal e o distúrbio de pânico pós-parto.
O público alvo são todas as gestantes, independente se estão enfrentando problemas emocionais ou não; porém, é ainda mais eficaz para as mulheres com risco mais elevado de apresentarem DPP, são elas:
Primíparas;
Mães solteiras;
Que vivem conflitos e falta de apoio conjugal;
Que possuem evento de vida estressante, como perda de emprego ou morte de familiar;
Que possuem falta de apoio familiar e social;
Que tem histórico pessoal ou familiar de doença psiquiátrica, mas principalmente a existência de episódios depressivos anteriores e durante a gravidez.
Além disso, também se inclui na zona de risco:
Mulheres que tiveram complicações obstétricas durante a gravidez ou imediatamente pós-parto;
Parto traumático;
Parto múltiplo e prematuro, abortos anteriores, partos de natimorto ou síndrome de morte súbita infantil;
Acrescenta ainda como fator que aumenta o risco de DPP a idealização da maternidade.
O PNP é complementar ao pré-natal ginecológico, tendo como foco o caráter psicoterapêutico, visa proporcionar apoio emocional às gestantes e inclusão do pai desde a gestação ao puerpério. Além disso, é informacional, já que sensibiliza estes quanto à importância do plano de parto e do acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. Na prática, funciona por meio de encontros temáticos em grupo e/ou individual, com ênfase psicoterápica na preparação psicológica para a maternidade e paternidade; além da prevenção da DPP). Quando em grupo é composto por no mínimo 5 encontros ao longo da gestação, e caso a gestante opte pelo programa completo, soma-se a estes encontros, mais 3 encontros individuais antes do parto e mais 2 depois do parto, totalizando-se 10 encontros.
Se você compreendeu a importância de cuidar do emocional ainda na gestação, não deixe de procurar uma psicóloga perinatal em sua cidade. Está no pós-parto e identificou que passa por um período de muita dificuldade? Não passe por isso sozinha, existem profissionais sérios e capacitados que podem te auxiliar a cuidar de si, para que você cuide ainda melhor do seu bebê.
Tradução literal: "Existe algo como uma epidural pós-parto para o corpo inteiro?"
Até o próximo texto...