Ao nascer o bebê tem a coluna vertebral em formato de C (cifose) e conforme o passar dos meses e a aquisição dos movimentos voluntários, a coluna vertebral vai adquirindo as primeiras curvaturas lordoticas. A primeira curvatura a se formar é a cervical (lordose cervical), que tem inicio por volta dos três meses, quando o bebê começa a sustentar o peso de sua cabeça e controlar os movimentos deste segmento. Esta curvatura continua em formação até a aquisição da postura em pé.
A segunda curvatura é a lordose lombar, por volta dos nove meses, quando o bebê começa a sustentar todo o corpo na posição em pé. Origina-se na coluna lombar e continua em formação até por volta dos dois anos, onde o movimento de caminhar já está estabelecido. Verifica-se, portanto, que um recém-nascido tem apenas duas curvas em sua coluna: o meio das costas e a base da coluna vertebral. Estas duas curvas são chamadas de curvas primárias ou cifóticas e curvas secundárias ou lordóticas. Desta forma, um porta-bebê fisiológico (ex: wrap sling) é ideal para o bom desenvolvimento da coluna, pois irá manter o bebê em sua postura fisiológica, além de que o contato pele a pele com a mãe e os movimentos em torno do corpo materno, favorecem o desenvolvimento de sua musculatura, fortalecendo seu tônus.
O tecido de um porta-bebê é a chave para o bom carregar e uma boa amarração. Deve ser o mais natural possível e de qualidade, ou seja, macio, resistente e transpirável. Se o tecido é muito fino e não tem elasticidade na diagonal, poderá machucar o bebê. Devem-se evitar tecidos sintéticos (poliéster) que além de serem mais quentes, podem desencadear alergias.
Para o bebê encontrar o seu equilíbrio, é favorável transportá-lo na posição vertical desde o nascimento, respeitando o método mãe-canguru (posição de sapinho, você pode encontrar mais sobre este assunto aqui). Nesta posição a coluna se curva naturalmente em forma de C, o que a protege de esforços que a sua musculatura ainda não sabe exercer. Algumas amarrações no wrap sling favorecem essa posição.
Para as mães que tiverem muita dificuldade em usar o wrap, os modelos de porta-bebê que podemos sugerir são: Mei-Tai, Canguru ergonômico, Ergo-mochila e Sling de Argola. Porém, os três primeiros modelos são mais indicados para bebês que já sentam (por volta de 6 meses), ou seja, não são recomendados para bebês recém-nascidos por não fornecer suporte bem adequado nas laterais; e o sling de argola é uma boa opção, porém, há o inconveniente do peso do bebê ficar unilateral, o que deve causar desconforto na cervical do carregador, a depender do tempo de uso e peso do bebê, e é mais indicado para bebês acima de 3 meses, quando o bebê já adquiriu firmeza no pescoço e já realiza movimento voluntario, pois o ajuste na argola realiza uma leve extensão do pescoço (estica para trás).
Já vimos, em textos anteriores, que o contato pele a pele é indicado desde o nascimento, pois assegura ao bebê toda segurança necessária para se conectar a nova vida extrauterina; e através do uso do carregador de bebê, podemos facilitar este contato. Ao utilizar um carregador fisiológico, com distribuição de peso bilateral, a coluna da mãe apresenta menos riscos e alterações musculoes
queléticas do que carregar o bebê no colo amparado pelos braços. A distribuição do peso do bebê de maneira uniforme em todo o seu corpo, permite que sua coluna mantenha-se em uma posição neutra, sem desconfortos lombares e cervicais.
Estudos científicos demonstram que os bebês transportados com as mães choram menos, porque todas as necessidades primárias de sobrevivência são atendidas, sem muita demora. Em culturas onde os bebês são transportados permanentemente, verificou-se que eles choram muito menos que nas culturas onde esta pratica não é comum. Por estar bem próximo ao corpo materno, ouvindo seus batimentos cardíacos e voz; e sentindo sua respiração e temperatura, o bebê tem uma maior facilidade de se tranquilizar e adaptar a vida fora do útero; demonstrando assim menos sinais de desconforto.
Confiram algumas vantagens para pais e bebês ao usarem um carregador de bebê fisiológico:
1. Promove a criação com apego mútuo entre pais e filhos;
2. Melhora a comunicação de quem carrega e o bebê, deixando-os sintonizados com os movimentos do bebê, gestos e expressões faciais;
3. Diminui a incidência de depressão pós-parto e doenças psicossomáticas na mãe;
4. Reduz significamente o choro, evitando o stress tóxico;
5. Aumenta a taxa de amamentação (proximidade do bebê com as mamas da mãe favorece a frequência das mamadas, o que estimula a produção de leite) e reduz o esforço do braço da mãe, dando-lhe mais liberdade de movimento durante a amamentação;
6. Os bebês ficam mais calmos, porque todas as suas necessidades primárias de sobrevivências são atendidas de imediato;
7. Reduz o esforço do braço da mãe no ato de amamentar dando-lhe mais liberdade de movimento durante a amamentação;
8. Deixa as mãos livres para realizar outras atividades ou tarefas domésticas;
9. Ajuda a reduzir a rivalidade entre irmão. Estando a mãe com as mãos livres, poderá tocar e tranquilizar a criança mais velha;
10. Facilita que as mães possam praticar a exterogestação de seus bebês, o porta-bebê reproduz a contenção uterina; o bebê passou nove meses sendo formado num ambiente que o continha e voltar a ter esse sensação lhe remete a boas lembranças, deixando-o mais tranquilo e seguro.
11. Diminui o risco de plagiocefalia posicional no bebê (“Síndrome da cabeça chata”), causada pelo tempo prolongado deitado em um berço ou carrinho, na posição de decúbito dorsal (barriga para cima).
Dar atenção a um bebê e colo quando ele necessita jamais será considerado excessivo. Carregar um bebê num porta-bebê é deixá-lo seguro, confiante, e proporcionar um desenvolvimento físico e emocional adequado. Portanto, experimente essa forma de contato com seu bebê, esteja mais próximo dele usando um carregador fisiológico e seguro!
Rita Carvalho é assessora de babywearing e proprietária da Vó Coruja Baby.