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Foto do escritorTarsila Leão

Psicologia perinatal. Psicologia O QUÊ?


Hoje, dia 27/08/2015, dia do Psicólogo, decidi que seria a data perfeita para explicar a vocês o meu trabalho enquanto psicóloga da área perinatal. Percebi nas rodas de conversas, palestras e até mesmo naqueles que me procuram interessados em terapia que, de uma maneira geral, as pessoas não entendem a importância e função de um psicólogo nesta fase da vida. Muitas já ouviram falar de baby blues, depressão pós-parto ou até mesmo algo como psicose puerperal. Porém, como saber o que se sente quando passamos por cada uma destas situações? Ou como saber a hora de pedir auxílio profissional se pouco ou nada se fala disso ao longo da gestação em seu pré-natal? E será que somente pessoas em crise deveriam procurar um psicólogo perinatal?

Entenda, não tenho a intenção de colocar a gravidez como doença, pois definitivamente, não é. Junto com a gravidez (e às vezes antes mesmo dela acontecer), a mulher, em especial, mas também seu parceiro(a), passa por mudanças emocionais importantes que certamente impactarão de maneira significativa na forma como aquela criança será recebida e vinculada à sua família. Ignorar tais fatores aumenta a probabilidade de problemas emocionais pós-parto, que podem causar prejuízos de ordem orgânica, comportamental e/ou mental para a puérpera, principalmente, mas também para seus descendentes.

Então, de forma resumida, o psicólogo perinatal é um profissional que está apto a acompanhar a parte emocional da mulher e sua família antes, durante e depois da gravidez, em que esta última fase, chamada de puerpério, se estende até a criança completar 02 anos de vida. O ideal é que a mulher tenha acesso a este acompanhamento antes de possíveis crises, fazendo todo um pré-natal psicológico. Assim, haverá a construção de vínculo entre a mãe (e a família, em alguns casos) com o profissional, possibilitando atender de forma mais íntima eventuais momentos de crise.

“Crise, Bianca? Mas será possível eu entrar em crise no momento de maior felicidade e realização da minha vida?” Parece inacreditável, mas a maternidade é uma intensa mistura de sentimentos, então pode ter certeza que é possível sim! Aliás, essa visão idealizada de que a maternidade é um momento de eterna plenitude e alegria é um dos fatores que faz aumentar vertiginosamente os índices de crises emocionais, principalmente de depressão pré e pós-natal. O que observamos na realidade é que poucos são os profissionais da saúde (obstetra, pediatra, enfermeiro, dentre outros) que estão abertos e aptos a acolher empaticamente essa mãe em crise e, desta forma, acaba-se negligenciando um problema que, pode se agravar caso não seja tratado adequadamente. Infelizmente, quando “chega às mãos” de um psicólogo e/ou psiquiatra (deixando claro que a ação multidisciplinar é a ideal), a questão geralmente já está, em grande escala, causando fortes impactos no binômio mãe-bebê.

Gostaria de salientar ainda que grupos de apoio, rodas de conversa, comunidades maternas virtuais ou presenciais, dentre outros movimentos de acolhimento à mulher gestante e puérpera, são de extrema necessidade e importância para o acolhimento das angústias e partilha dos momentos tanto de dificuldades quanto de alegrias, mas reitero, não substituem um bom acompanhamento psicológico.

Finalizando, de modo mais didático, seguem algumas das diversas demandas de um pré-natal psicológico:

  • Conflitos com a estética corporal: mudanças corporais; ganho de peso ou a perda dele, em um momento que deveria se engordar; o fator de comer mais ou menos; enjoos que podem persistir por mais de 03 meses; o fator de não se sentir mais atraente, ou ao contrário, se sentir muito atraente, etc.

  • Conflitos psíquicos: gravidez não planejada; medo de aborto; gravidez em um momento conturbado na vida do casal; a gravidez não consentida; engravidar de um bebê do sexo oposto ao que queria; descobrir que o bebê possui alguma deficiência ou anomalia; quando a mulher já tem muitos filhos, entre outros.

  • Conflitos sociais: gravidez precoce; gravidez fora da relação; gravidez em um momento inoportuno, por exemplo: quando a mulher acaba de entrar em um novo emprego; gravidez não aceita pelo parceiro (a) ou pela família; perda de papéis sociais (deixar de ser apenas filha para tornar-se mãe), e etc.

Está vivenciando algum destes conflitos? Ou já está no período pós-parto e está em crise com a maternidade e as dificuldades encontradas? Sente-se extremamente angustiada, incapacitada de cuidar de seu bebê, com medos e temores? Apresenta dificuldades emocionais relacionadas à amamentação? Não deixe de procurar um psicólogo perinatal, ele pode caminhar junto contigo para o encontro com uma maternidade mais realista, equilibrada e honesta consigo mesmo e, por consequência, mais realizada e mais feliz.

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