No início da nossa vida, desde que somos apenas um embrião com células em divisão no útero materno, até a formação e desenvolvimento completo dos nossos órgãos e sistemas aos 2 anos de idade, são contabilizados 1000 dias. Eles se dividem em 270 dias de gestação + 365 dias do 1º ano e + 365 dias do 2º ano de vida.
Neste período temos o momento de maior velocidade de crescimento (passamos de um conglomerado de células a um ser humano com bilhões de células que interagem em perfeito funcionamento), formação e amadurecimento de todos órgãos e tecidos que irão funcionar plenamente por toda uma vida.
Apesar da influência da carga genética que herdamos dos nossos pais, o desenvolvimento otimizado nesta fase é dependente de uma nutrição adequada e adaptada para o período, além de estímulos, afeto e educação. Pensando assim, imagine qual o impacto que uma alimentação inadequada nestes 1000 dias pode gerar na saúde atual e futura da criança?
Já existem evidências que doenças como obesidade, diabetes e cardiovasculares podem ter sua expressão ou inativação genética influenciada pela nutrição deste período, e novos achados também incluem outras doenças como as auto-imunes, alergias e o desencadeamento de autismo. Tais expressões genéticas que são influenciadas pelo ambiente podem ser repassadas para as futuras gerações, aumentando a prevalência destas manifestações clínicas.
Uma alimentação adequada, com incentivo ao aleitamento materno em tempo oportuno (exclusivo até os 6 meses e complementado por no mínimo 2 anos), com a introdução (e perpetuação de consumo) de alimentos saudáveis , em um ambiente familiar que envolve amor e acolhimento, podem transformar toda a vida de uma criança.
Desta forma, entende-se que uma atenção cuidadosa nestes primeiros 1000 dias pode sim melhorar o nosso futuro. Reflita um pouco sobre isso e repense o seu papel na vida e bem estar do seu filho (a), bem como o tipo de relação que ele irá desenvolver com a comida e com a sociedade.